Wednesday, February 13, 2013

A grande temporada do Bragantini em 1980

Campeões invictos não são muito raros no automobilismo brasileiro. Pedro Victor de Lamare ganhou as 3 provas do Campeonato Brasileiro de Turismo de 1971. Entretanto, todas as corridas foram realizadas no mesmo autódromo, Tarumã, e praticamente Pedro Victor correu sozinho com seu bem preparado Opala contra uma armada de Fuscas. Outros Opalas eram poucos, e nenhum bem preparado como a sua máquina, acostumada a disputar provas contra carros esporte. O gaúcho Clóvis de Moraes ganhou todas as cinco provas de Formula Ford em 1974, mas, fora os outros pilotos da própria Equipe Hollywood, Claudio Muller e Enio Sandler, somente Chiquinho Lameirão tinha um carro razoável, um Polar que ainda exigia acerto. No caso das 6 provas da Classe A da Divisão 4, em 1975, Mauricio Chulam tinha um carro tão superior aos outros da categoria que disputava posições com os carros da Classe B. Somente Newton Pereira e Jan Balder tinham esquemas relativamente bons.

Muitas coisas impressionam na estupenda temporada de Arthur Bragantini na Formula Ford, em 1980. As corridas ocorreram em diversos autódromos diferentes, e foram ao todo, oito provas. Mas acima de tudo, Artur não estava correndo sozinho. Havia muito talento e carros bem preparados naquela temporada. Amedeo Ferri, Alexandre Negrão, Walter Soldan, Jorge Martinewski, Mario Covas, Voltaire Moog e Maurizio Sandro Sala, este último em vias de fazer bastante sucesso no exterior.

É bem certo que o mesmo Clovis de Moraes de 1974 preparava o carro de Artur e Voltaire Moog. Já na primeira corrida, em Interlagos, Bragantini marcou a pole, e perdeu um concorrente ao título. Seu companheiro Voltaire Moog teve um terrível acidente na primeira volta, feriu-se e ficou fora de algumas etapas. Bragantini também marcou a pole em Cascavel, e apesar de perder a primeira bateria, por 0.13 s, para Walter Soldan, acabou vencedor com 13 segundos de diferença na geral.

A terceira etapa foi em Brasília, onde o único revés de Bragantini foi perder a pole para Covas. Após esta etapa, Artur já somava 64 pontos, exatamente o dobro do segundo no campeonato, Negrão, que tinha 32. Os outros concorrentes de Bragantini estavam embolados nas posições intermediárias.

A quarta etapa foi no Rio, e Bragantini novamente fez a pole e ganhou a corrida, sendo o segundo colocado na ocasião o gaúcho Walter Soldan. Covas de novo fora o segundo no grid, mas só conseguiu chegar em terceiro. Negrão, com o quarto lugar na prova, preservava o segundo lugar no campeonato, embora Bragantini se distanciasse mais ainda.

A quinta etapa foi em Tarumã, a ex-meca da Formula Ford brasileira. Durante muitos anos as provas em Viamão eram as mais concorridas da categoria, muito disputada pelos gaúchos. Infelizmente, no campeonato de 1980 os gaúchos na categoria eram poucos e a corrida de Tarumã foi a de menor número de participantes, meros 12. Sinal dos tempos. Bragantini fez a pole, e Covas o segundo tempo, seguido de um novato que daria para falar ainda naquele ano, Egon Herzfeldt. Na corrida, Artur na cabeça, seguido de Soldan que assumia o segundo lugar no campeonato.

A prova de Guaporé foi um pouco mais concorrida, com 16 carros, mas o resultado foi o mesmo na ponta. Bragantini em primeiro no treino e na corrida. Herzfeldt continuou a impressionar, e chegou em segundo lugar na prova. O score no campeonato dava Bragantini 128 pontos contra 53 de Soldan. Ou seja, Artur Bragantini já era campeão por antecipação, com duas corridas sobrando.

O que não diminuiu em nada a sua sede de vitórias. A sétima etapa ocorreu em Goiânia, onde Bragantini marcou a sua sexta pole do ano (novamente seguido de Covas). Na corrida, Artur chegou em primeiro seguido de Soldan, Martinewski e Ferri. Covas fazia bons tempos, mas geralmente terminava longe de Bragantini nas corridas.

A F-Ford voltou à Interlagos para a última corrida, e o script dos treinos foi o mesmo de diversas corridas. Bragantini na pole, com Covas em segundo. Na corrida Bragantini ganhou as duas baterias de 6 voltas, ficando nove segundos na frente do ex-campeão (de 1978) Amedeo Ferri, que fazia a sua melhor corrida do ano e que também marcava a melhor volta da corrida. Soldan chegara em Interlagos praticamente com o vice-campeonato garantido, e com seu terceiro lugar conseguiu somar 80 pontos, contra os massivos 170 de Bragantini. A Ford distribuira 50 mil ingressos para o final da temporada (também era o final do primeiro Torneio Corcel II), mas infelizmente pouca gente foi, devido ao tempo feio.

Nas provas do ano, Bragantini muitas vezes foi superado nas largadas, por concorrentes como Soldan e Covas, mas geralmente se recuperava logo. O conjunto piloto-carro-preparador era perfeito, e apesar dos esforços dos seus diversos concorrentes, entre novatos e veteranos, ninguém conseguiu superar o paulista, que assim ganhava o seu segundo título na categoria. A campanha de 1980 contribuiu bastante para que Bragantini se tornasse o maior vencedor da categoria no Brasil.
Bragantini estreou na F-Ford em 1973, na época de Clovis, Alex Dias Ribeiro e Lameirão. Eventualmente voltou à categoria, após ganhar em diversas outras. Naquele mesmo ano de 1980 Bragantini ganhou uma prova de Formula VW 1600.

No comments:

Post a Comment