Monday, March 4, 2013

Quando a FF quase foi implementada no Brasil, em 1969

 

Em 1968 a única categoria de monopostos existente no Brasil era a Formula Vê, que apresentava óbvios problemas. Os carros eram relativamente vagarosos, não empolgavam o público, a categoria se tornava cada vez mais uma categoria regional carioca, e a VW não lhe dava o mínimo respaldo. O campeonato brasileiro de 1968 foi uma piada composta de duas provas, embora tenham sido realizadas diversas corridas extra-campeonato, além do bem disputado torneio carioca. Assim como a Fórmula Júnior de 1962/63 e a natimorta F-3 brasileira, que nunca saiu do papel exceto pelo Willys Gavea, a Vê parecia estar ameaçada de extinção dois curtos anos depois de fundada. O desespero era tanto que no meio de 1969 falava-se inclusive em criar uma categoria nova, a Formula Brasil, que incorporaria os Vês permitindo motores de 1600 cc ou mais, além de vetustos Mecânica Continental com carrocerias mais “modernas” e novos monopostos com motores JK ou Opala. A Formula Brasil era, em parte, um retrocesso ao início dos anos 60 já quase na década de 70. Mas não havia dúvida de que o automobilismo brasileiro precisava de monopostos, principalmente depois do sucesso de Ricardo Achcar na Formula Ford inglesa em 1968, vencedor de uma corrida na categoria.

Só que o primeiro brasileiro a correr na Fórmula Ford inglesa não foi Achcar, mas sim o carioca Carlos Scorzelli, que logo se tornou entusiasta da categoria, e decidiu que esta seria o futuro do automobilismpo do Brasil. Entre outras vantagens, o FF inglês soava muito mais brabo do que os Vê, eram mais rápidos, e poderiam servir de escola para os brasileiros que quisessem se aventurar no exterior.

No final de 1968 Scorzelli resolveu importar um Merlyn de FF, que seria testado no autódromo do Rio de Janeiro por diversas figuras carimbadas do automobilismo nacional, em um teste coletivo, e com a presença da Expedito Marazzi, da QR. Não parava por aí o entusiasmo do piloto-empresário. Informou a todos que 45 dias após o alegre teste estariam chegando mais 19 carros da FF, para disputar um campeonato de gente grande no Brasil.

O FF de Scorzelli

Além de Marazzi, que era jornalista e piloto, estava presente Pedro Victor de Lamare, que já tinha experiência na Vê, e também escrevia para a QR na época. Foi justo Pedro o primeiro a testar o carro, chegando a fazer 1m38”8/10 no traçado carioca. Depois foi a vez de Marazzi testar o carro equipado com motor Ford Cortina de 1,6 litros. Esse tinha sido o debut de Marazzi com monopostos, o que não era o caso de De Lamare, que já havia corrido na Vê. Ainda assim, Expedito chegou a fazer 1m41s com o bólido.

Logo depois, um longo time de entusiasmados pilotos teve a chance de guiar o carro por algumas voltas: Luis Pereira Bueno, Ricardo Achcar, Milton Amaral, Jose Maria Ferreira e o próprio Scorzelli. Luisinho, o melhor do grupo, chegou a fazer 1m36. Os presentes calculavam que o carro fazia 190 km/hr na reta do circuito carioca.

Apesar da boa ideia, a Scorzelli Veiculos de Competicao nunca trouxe os outros 19 carros, e a FF só foi implementada como categoria brasileira em 1971, então equipada com motor Corcel brasileiro de 1,3 litro. Luis Antonio Greco, que já em 1968 indicara planos de implantar a categoria no país, acabou construindo a maioria dos carros da FF Nacional, o Bino. Em 1969 Luis Pereira Bueno acompanhou Achcar e Emerson Fittipaldi na categoria, ganhando diversas provas. Emerson logo passou para a F3 e o resto é história. Curiosamente, Pedro Victor de Lamare foi o vice-campeão do primeiro campeonato Brasileiro de FF, realizado em 1971.

Scorzelli, apesar de certo, sossegou o facho.

6 comments:

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    1. - Vai removendo e utilizando os recursos que quiser para tentar evitar as devidas retificações.
      - E as que estarão espalhadas (e estão sendo !) por aí, como vc vai fazer ?

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    2. - Vai removendo e utilizando os recursos que quiser para tentar evitar as devidas retificações.
      - E as que estarão espalhadas (e estão sendo !) por aí, como vc vai fazer ?

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  2. - Como se pode constatar, o sr.carlos de paula insiste em manter suas afirmações inverídicas em relação ao carioca Ricardo Achcar.
    - Deveria ele, humildemente retificar o que escreveu e reconhecer seus enganos ou seja lá o que seja !
    - Mas demonstra um comportamento que talvez seja : um fanático bairrismo, ou pretensa prepotência de quem quer ser o dono da verdade.
    - Vai remover mais um comentário meu ?
    - Faça-o, mas a evidência ficará aqui registrada e onde eu encontrar inverdades sobre a história esportiva de meu pai, fique certo de que não ficará sem adequado esclarecimento.
    - Minhas corretivas afirmações estão se acumulando e a tendência será de os manipuladores da história e mentirosos serem evidênciados.
    - O vídeo youtube "Bua resposta 2" foi motivado pela sua afirmação de "atuação apagada de Achcar", e mostra claramente a estupidez da sua afirmação.
    - o Tempo vai lhe aportar o descredito e o ridículo que você está fazendo por merecer !

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